sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vamos depositar 100 Euros por mês num banco?

Há 100 anos ninguém tinha telemóvel, televisor, máquina de lavar, microondas, computador ou frigorífico. Quase ninguém viajava pelo seu país e muito menos por outros países ou continentes. Muito raros eram aqueles que tinham automóvel, electricidade ou água canalizada fria. As casas eram construídas pelos antepassados ou pelos próprios, ao longo de uma vida de poupanças e sacrifícios. A comida era escassa e racionada.
Então apareceu uma coisa fantástica: o crédito.
Foram os bancos que inventaram tal coisa que se tornou um enorme sucesso mundial.
Claro que, como todas as coisas, há sempre um lado positivo e um negativo. O crédito permitiu, por um lado, que hoje tenhamos acesso a todas essas coisas antes de as pagar e, por outro, criou uma classe de pessoas criminosas que, ora não pagam o que devem, ora emprestam dinheiro que não têm a certeza de receber com o intuito de desviar parte dele para seu benefício. Apesar de toda essa criminalidade, repito, tanto dos que não pagam como dos que roubam, o crédito e os bancos têm sido os motores da nossa espectacular evolução material do último século. Por isso, nesta situação difícil em que se encontram merecem ser ajudados.
Ai! Que já me estão a apedrejar! Ajudar os bancos? Estás doido? Eles é que são os culpados da crise que estamos a viver? 
NÃO! Os bancos não são os únicos culpados. Somos todos culpados.
De acordo com o Profº Cadima Ribeiro da Universidade do Minho, desde a década de 90 o peso das dívidas das famílias portuguesas passou de 19,5% para 124%, ao passo que a taxa de poupança caiu de aproximadamente 20% para 8,3%. Dados assustadores que propiciam a conjuntura económica actual do país! O Banco de Portugal alertava em 2009 que nós ocupávamos um honroso 2º lugar no top das famílias mais endividadas da Europa. No relatório do Orçamento do Estado de 2011 este valor quase igualava o valor do PIB.

Todos utilizamos, ou melhor usufruímos como se fosse nosso, algo na nossa vida diária que AINDA NÃO PAGÁMOS nem sabemos se e quando iremos pagar na totalidade. E isso graças a quem? Aos bancos! São os bancos que me permitem dizer "o meu telemóvel", "o meu automóvel", "a minha casa", "a minha empresa", etc. sem que isso seja totalmente verdade.
Todo o sistema de crédito se baseia em duas coisas: no aval ou hipoteca e na confiança do futuro. A hipoteca permite ao banco ficar com o bem, caso o seu utilizador não o pague mas, em muitas situações, o bem pode ter um valor inferior ao da dívida e, nesse caso, o banco baseia-se no factor de risco estatístico de que o futuro vai correr bem à maioria das pessoas ou os seus fiadores vão pagar.

Se muita gente não pagar, se os bens ficarem sem valor, se o futuro ficar sem esperança de correr bem ... o sistema colapsa! E todos vamos pagar uma factura muito elevada por isso.
Por isso, perdoem-me a redundância, vamos ajudar os nossos bancos a ajudarem-nos a nós. 
Vamos depositar 100 Euros, numa conta a prazo, no nosso banco, todos os meses e, além disso, vamos sorrir todos os dias e transmitir a todos os nossos amigos e familiares um espírito de confiança no futuro.
Sei de alguns antepassados meus que passaram uma vida, de sacrifícios, a poupar muito dinheiro no banco para deixar para um dia mais tarde, quem sabe... e ... mesmo que não se utilize, fica para os filhos. É graças a esse espírito que os bancos tiveram alguma liquidez há uns anos atrás para fazer empréstimos. E essa é uma das soluções para sairmos da crise actual. A outra é gerarmos mais riqueza vendendo mais e colocar o excedente numa aplicação financeira no nosso banco.

Portugal Pode Prosperar !