quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vamos reduzir 75% os nossos custos de saúde?


A ideia parece bizarra mas é um objectivo já bem definido em alguns países nórdicos, nomeadamente na Irlanda.

Aceitas o desafio de sermos igualmente ambiciosos em Portugal, já em 2013 e não ficarmos apenas nas reduções de custos de saúde, de apenas 10 ou 20% impostas pela Troika? Vamos então deixar de apontar o dedo apenas às farmacêuticas e aos fornecedores, nomeadamente às empresas tecnológicas, para reduzirem as suas vendas e margens e vamos, em vez disso, melhorar a sério o nosso sistema de saúde, reduzindo em 75% os seus custos?

É muito simples. Basta confiar nos estudos realizados no norte da Europa que provam que por cada euro investido em Wellness (bem estar), poupam-se 4 euros em Healthcare (cuidados de saúde)! Aqui vai um deles:


A Irlanda, por exemplo, (à semelhança de outros países nórdicos) está a desenvolver uma mudança de paradigma no sistema nacional de saúde para tentar reduzir custos até ¼ do seu valor actual.

Em Portugal utilizando os pressupostos desse estudo, numa abordagem teórica, poderíamos reduzir, até 2020, em 74%, os 9.500 milhões de Euros de custos de healthcare, aumentando apenas 15%, todos os anos, o investimento em wellness, ficando no final com uma redução de 51% no custo total.


Claro que este é apenas um modelo teórico, para reflexão, que não entra em linha de conta com vários outros factores como, por exemplo, o aumento de custos provocado pelo envelhecimento da população ou outras variáveis da fórmula de cálculo. O valor inicial de 2012 apresentado no gráfico em Wellness é apenas uma estimativa.

O que é o Wellness?
É todo um conjunto de serviços que promovam a saúde física e mental e previnam a doença. Alimentação, ar puro, exercício físico, psicoterapias, SPA's, animação cultural, estética, meditação,... etc e todo o tipo de actividades de bem estar físico, mental, social, etc...
  
Quem financia?
O Estado: Com apoios financeiros a todo o tipo de iniciativas que promovam o bem estar (Wellness), nomeadamente com redução do valor da taxa da Segurança Social aos cidadãos e empresas, a quem evidenciar que cumpra planos de bem estar. Incentivos aos municípios para criarem e preservarem zonas saudáveis.
Seguradoras: Os seguros de Saúde terão compensações se o segurado comprovar que segue um plano de bem estar (Wellness).
Empresas: Actividades como ginástica na empresa, fruta na empresa, hora livre para caminhar ao ar livre, coaching, animação, ... estão cientificamente comprovadas que promovem o bem estar no trabalho, diminuem a taxa de abstinência ou baixa por doença e, consequentemente, aumentam a produtividade.
Cidadãos: Investirem em programas de bem estar (caminhadas, massagens, banhos termais, ginástica, tempo para conversar com amigos...) uma parte do dinheiro que gastam em medicamentos, consultas e exames médicos.

Quem acelera o desenvolvimento deste novo paradigma?
Obviamente, a crise financeira por um lado e, por outro, a profunda necessidade de bem estar do ser humano em geral. Este é o tipo de mudanças que não acontecem por decreto de algum governo iluminado mas apenas por uma mudança de consciência da população. Tu podes dar o teu contributo. É muito simples. Em vez de tentares mudar os teus amigos, a família, o governo, o país ou o mundo, basta mudares o teu comportamento, cultivando o teu próprio plano de bem estar.

Quais os obstáculos à potencial poupança de 75% nos custos de saúde?
Médicos: É necessária uma mudança de atitude e da tipologia de serviços prestados pelos nossos médicos que, certamente, vai demorar algum tempo. Hoje, especialmente na medicina ocidental, ainda temos o conceito de que o melhor médico é aquele que não precisamos de visitar pois associamos essa visita a um episódio de combate à doença. Num sistema de saúde baseado em Wellness, o médico é aquele profissional que nós gostamos de visitar periodicamente para nos ajudar a manter sempre bem.
Laboratórios farmacêuticos: Demora tempo mudar o negócio centrado no “medicamento” para um novo negócio centrado no “suplemento” (alimentar). Algumas farmacêuticas estão já a posicionar-se nesse sentido como é, por exemplo, o caso da Bayer ao comprar recentemente a Schiff Nutrition.
A população menos esclarecida: A crença de que é apenas o medicamento e a cirurgia que curam tudo, dificulta este processo. A ideia enraizada em muitos de nós de que "Um Sistema Nacional de Saúde" é apenas "Um Sistema Nacional de Combate à Doença", com muitos Hospitais e excelentes Serviços de Urgência, é também um obstáculo a este ousado plano de redução de custos.

E como é que os sistemas de informação podem apoiar e facilitar este futuro paradigma?
Gestão integrada de serviços wellness via portal multi-utilizador.
Gestão integrada de serviços wellness, seguradoras e serviços healthcare.
Gestão integrada de serviços wellness, ESTADO e serviços públicos de saúde
Soluções de Gestão Estratégica da direcção nacional ou regional para controle de custos wellness vs healthcare
Apps nos smartphones para monitorização de programas de wellness e healthcare
e... o que  imaginação ditar...

E a Dívida Externa?
Já agora convém referir também que estes novos produtos e serviços, podem ser quase todos de origem nacional, e assim contribuir para o nosso equilíbrio orçamental. Apesar de todas as poupanças, evoluções, mudanças e oscilações, as notícias actuais sobre a nossa dívida externa continuam a não ser muito animadoras: http://publico.pt/economia/noticia/divida-externa-portuguesa-aumenta-e-e-insustentavel-1571725 e isso dá-nos algum mal estar. Um plano wellness contribuirá, certamente, para melhorar as coisas.

Votos de boa saúde e bem estar!


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vamos consumir mais Software nacional?

Num quadro de competitividade global, vários estudos apontam que as TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação, ocupam um papel vital. Desde a agricultura à indústria espacial, passando pelo sector financeiro ou dos serviços de saúde, tudo passa hoje pelos computadores e especialmente pela programação, para se conseguir posicionar um bom produto ou serviço como uma referência de mercado.
A programação ou, melhor dizendo, o software, é pois uma peça fundamental na cadeia de valor das empresas e das organizações da moderna economia mundial, tanto das empresas, organismos públicos ou mesmo associações.
Uma peça necessária mas não suficiente pois nem sempre o software está devidamente ajustado ao negócio ou actividade da organização e só algumas vezes, apesar da sua grande qualidade e elevado preço, consegue possibilitar o salto de produtividade necessário para pagar o investimento realizado. Este é um processo que nem sempre resulta à primeira, envolve normalmente alguma aprendizagem, alguma consultoria local e, por isso, acarreta sempre algum risco.
Quando este investimento é realizado na compra de um pacote de software, vindo totalmente do estrangeiro o custo e o risco são ainda maiores. Primeiro porque o know how para corrigir os erros de implementação está longe e é caro e, depois, porque a sua manutenção vai continuar a levar, ao longo dos anos, os nossos recursos financeiros para fora do país e a nossa dívida externa aumenta ainda mais.
Temos excelentes programadores e, sobretudo, excelentes empresas produtoras de software em Portugal. Algumas delas, como a Quidgest, desenvolvem tecnologias próprias para acelerar, com qualidade, até 10 vezes a sua velocidade de produção. Outras reunem-se em associações, como por exemplo o "login.pt" da ANETIE e exportam já hoje, no seu conjunto, para mais de 150 países em todo o mundo, e têm um volume de negócios total que ronda os 8.500 milhões de Euros.
Só um gestor muito inseguro e pouco consciente prefere comprar, em igualdade de circunstâncias, software de origem estrangeira e sofrer todas as consequências da sua adaptação a um mercado e a uma organização específica que é a sua, em vez de aproveitar a proximidade e o valor das competências nacionais e, assim, contribuir para a redução da nossa gigantesca dívida externa.