sábado, 12 de julho de 2025

Eletricidade refinada

Sabias que a eletricidade vendida nos postos de carregamento de automóveis elétricos é aproximandamente 3 a 5 vezes mais cara do que a vendida em casa, com tarifa normal. Não estamos a falar de 30 ou 50% mais. Estamos a falar de 200 a 400% mais. É um absurdo!

Se em casa o KWh custa aproximadamente 20 cêntimos, nesses postos custa entre 60 cêntimos a 1 euro, por vezes ainda mais. 

Só a Tesla (que eu saiba) tem valores nos seus SUC muito inferiores a estes e um serviço muito melhor.

Quando falamos em petróleo ou mesmo água, até se compreende que há custos de purificação/refinação, controle de qualidade, transporte e armazenamento mas quando falamos de eletrões não existe nada disso. Os eletrões são sempre iguais.

Então porquê este tipo de especulação de preços escandaloso no processo de revenda de eletricidade?

- Porque a eletricidade não se pode revender. 

Espantado? Pois é! Isso mesmo. Em Portugal, a revenda de eletricidade entre particulares, no sentido de um consumidor fornecer energia a outro, não é legalmente permitida.

Esta inovação simples descrita na imagem abaixo é proibida em Portugal porque a eletricidade é um bem que só alguns iluminados credenciados podem revender. Porque os eletrões são uma mercadoria especial e perigosa que só certos grupos estão capacitados para o fazer.

Este é o mesmo princípio do tabaco, do álcool, das drogas, dos veículos automóveis, dos combustíveis e até das transações financeiras. E por isso se criaram leis e impostos de forma a alimentar, com o nosso dinheiro, algumas empresas eleitas e o Estado com valores tão escandalosos quanto quiserem.

E ninguém diz nada?
Como dizia a minha tia Rosa: - Oh filho isso sempre foi assim, É a vida!

Pois é tia... mas o mundo pode ser melhor... se todos assim quisermos.

E o assunto ainda não fica por aqui. Neste caso, tal como no álcool ou drogas, também não se pode produzir para depois vender eletrões.
Como???
Eu não posso produzir eletricidade? Então e os painéis solares ou as turbinas eólicas?
Podes mas... com cuidado. O Sol, os telhados e os painéis também estão sob a mira destes "abutres". Há uma série de leis e regulamentos técnicos a cumprir e multas por aplicar a quem os desafiar.

A "nova" energia está aí, no ar, no sol, na água, na terra. E todos teoricamente a podemos hoje capturar gratuitamente com meios técnicos simples e económicos. Mas, na prática, só alguns podem ser donos e enriquecer à custa dela. Alguém que queira ficar off-grid, produzindo a sua própria energia, um dia irá certamente ser perseguido. E apelidado de negacionista ou outra coisa pior.

Estamos a entrar no final do ciclo do petróleo e já se estão a posicionar os mesmos de sempre para se apoderar de uma coisa que a Natureza nos fornece gratuitamente, em todo o lado. 


Os recentes campos de paineis solares são o exemplo de como o dinheiro come a inteligência ao pequeno almoço, pois não faz qualquer sentido a captura de energia solar num ponto e transportá-la para outro onde também há sol. O sol ou o vento não são petróleo nem gás que se capta só em alguns sítios. O modelo de negócio deve ser outro. Mas a hipnose coletiva deve demorar mais umas décadas a apoiar o modelo tradicional.

E as empresas de energia e o Estado agradecem este modelo da eletricidade refinada.

Para complicar ainda mais a situação é proibida a passagem de cabos elétricos na via pública, pelo ar ou pelo chão (mesmo que devidamente assinalados e protegidos) mesmo que a casa fique junto ao estacionamento, para que quem tem carro elétrico seja obrigado a carregar nos postos de eletricidade refinada, uns metros ou quilómetros mais adiante. Nem sempre disponíveis, nem sempre funcionais.

Concluindo: Ou tens garagem com tomada, ou pagas 3 a 5 vezes mais a energia elétrica, que é igualzinha à que tens em casa, para enriquecimento especulativo de empresas e do Estado.

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Nota: Uns dias depois de escrito este artigo foi publicada a nova lei da Mobilidade Elétrica:

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc25/comunicacao/noticia?i=novo-regime-da-mobilidade-eletrica-utilizadores-deixam-de-ser-obrigados-a-ter-contratos

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Extremismos, a ditadura do marketing e a guerra

 


Numa farmácia perto de mim há agora quase tantos lugares de estacionamento para deficientes do que para pessoas normais. E isto é novo. E muito estranho.

Uma coisa é ter lugares de estacionamento para deficientes pois isso é um sinal de solidariedade e humanidade das sociedades mais evoluídas. Outra coisa é esse número de lugares ser semelhante ao dos lugares normais. E isso é insanidade extremista.

Vivemos tempos estranhos em que uma democracia supostamente evoluída está a dar um tal protagonismo às minorias que as pessoas da maioria se sentem como se fossem a minoria. E o marketing perverso é a ferramenta para que uma maioria aceite isto sem questionar.

Quando as instituições públicas apoiam ou promovem a construção de uma mesquita ou um evento de minorias, por exemplo de "Orgulho gay" as pessoas normais, heterossexuais, cristãs, a grande maioria, ficam com a sensação que um dia terão que ser gays ou muçulmanos para serem alguém importante na vida. E isso é marketing insano.

Uma coisa é respeitar as minorias. E criar as condições para que essas minorias vivam felizes no meio da sociedade. Outra coisa é promover essas minorias de forma a criar uma elite dominante. E isso é o princípio da ditadura. Por este caminho, um dia ainda nos dirão que, se não formos deficientes, não podemos ser ministros.

Tradicionalmente foi sempre a esquerda a defender os direitos das minorias ou dos mais vulneráveis dentro dos sistemas autocráticos. E isso foi uma coisa boa, Para os deficientes, para os animais, para os velhos, mulheres e crianças, para os negros, indigenas, judeus ou ciganos, etc. Mas o que está a acontecer é um extremismo insano ao se idolatrar esses grupos de tal forma que, se não pertencermos a uma dessas minorias ou etnias, não seremos ninguém. E ai de alguém que ouse contestar esta ideia, pois será apelidado de fascista ou de louco. Exatamente o mesmo que se passava antigamente no tempo do Estado Novo em que, qualquer pessoa que ousasse exprimir uma opinião contrária ao sistema, era acusado de comunista.

Agora assistimos às forças de direita a contrariar essa insanidade. E isso é uma coisa boa. Mas o preço a pagar, no extremo, será voltarmos a olhar os outros, diferentes de nós, como ameaças à nossa segurança. E isso é o que está na base de todas as guerras. A não ser que esta nova direita (que a esquerda apelida de extremista e fascista) possa trazer de volta a liberdade de expressão, as negociações de paz e o respeito pela maioria pura (não envenenada pelo marketing).

É muito interessante esta roda da dualidade, onde uma coisa que parece boa, deixa de ser boa quando se leva ao extremo. Como aquela velha definição de veneno: "qualquer coisa boa consumida em excesso".

A ditadura do marketing venenoso pode levar a extremismos e à guerra. 

Esperemos que uma nova força política de maior bom senso impere. E que os lugares de estacionamento para pessoas normais sejam em maioria.

Questionemos saudavelmente tudo o que nos dizem e pressionam para fazer, de uma forma persistente.

Conversemos serenamente com tolerância, dando voz ao contraditório.

Evoluamos em paz.


quarta-feira, 30 de abril de 2025

Portugal já quase não existe por causa da profissão mais moderna do mundo


Tantos são os setores que há muito deixaram de ser portugueses, que surge a dúvida pertinente se Portugal ainda existe e porquê.

A EDP S.A. (ex-Energias de Portugal), por exemplo, é uma empresa maioritariamente chinesa. Devia chamar-se EDC. Tal como outras empresas do setor, como a REN e a eRedes. Toda a informação está disponível online. Só não vê quem não quer. Ou não consegue ver por causa da hipnose coletiva gerada pelo poderoso marketing moderno, acreditando que a EDP ainda é portuguesa. E que foram os governos e a rede espanhola os responsáveis pelo apagão de 28 de abril de 2025.

Repito: A luz que se acende ou se apaga na tua casa é chinesa desde 2011.

Assim como o Benfica e o Sporting há muito que deixaram de ser clubes nacionais, muito menos locais, pois a grande maioria dos jogadores já não são portugueses, e os acionistas maioritários deixarão de o ser, também quase tudo o que era empresa ou instituição nacional há 50 anos está hoje entregue a estrangeiros. Portugal já quase não existe. Até a equipa de futebol nacional tem este ano um treinador espanhol.
Existe apenas a marca, o brand, mas na essência quase toda a estrutura económica é controlada de fora. O governo, qualquer governo, é apenas, tendencialmente, uma equipa de funcionários do grande capital internacional.

Os recentes partidos e movimentos de direita e extrema direita acordaram agora para esta dura realidade que já dura há várias décadas e que, certamente, se irá manter no futuro. As próximas eleições são mais uma oportunidade de eleger novos funcionários do capital global.

Este panorama deve-se, em meu entender, essencialmente à chamada profissão mais antiga do mundo, a prostituição, que é hoje a mais moderna. E não é exclusiva de governantes, sejam mais de esquerda ou direita, mas de todos nós. Passo a explicar.


Gmail
Quase toda a gente tem uma conta de email do gmail, porque é um serviço supostamente gratuito. O que não sabem ou não querem saber é que esse serviço é oferecido à custa da nossa privacidade. Ou seja, trocamos a nossa intimidade por um serviço de correio. Antigamente comprávamos um selo para enviar uma mensagem por carta fechada ou telegrama e hoje aceitamos pagar esse selo em troca de oferecer, a uma das mais ricas e poderosas empresas do mundo (Alphabet Inc / Google), toda a informação sobre a nossa vida íntima, o que falamos com os nossos amigos e família, onde vamos, o que compramos, com quem falamos e a que horas, em que local, etc. A Google sabe mais da nossa vida do que nós próprios.
Antes eram os CTT, uma empresa outrora portuguesa, a quem pagávamos este serviço de correio e era confidencial. Hoje preferimos um serviço gratuito oferecendo a nossa intimidade a algoritmos estrangeiros e até os CTT são maioritariamente uma empresa espanhola.

Apps e redes sociais
E não é apenas à Google que oferecemos o nosso corpo e alma em troca de serviços supostamente gratuitos. Facebook, Instagram, Linkedin, X, WhatsApp, Zoom, UBER, etc. fazem parte do nosso dia a dia, vamos para a cama com todos e vivemos felizes com isso. O serviço que recebemos em troca compensa a entrega da nossa vida íntima e até da nossa liberdade a interesses externos. O youtube ou este blog são outros canais gratuitos que quase todos usamos para comunicar as nossas ideias e dar a conhecer o que pensamos, em troca de dar a conhecer a nossa verdade e/ou de ganhar alguma fama.

Lojas chinesas
Há muitos anos que temos lojas chinesas a operar em Portugal com horários e condições inexplicavelmente especiais, e ninguém questiona. Porquê? Quem autorizou esta invasão? Porque é que todos compramos produtos nestas lojas? Neste caso não é gratuito mas é economicamente mais atraente, no curto prazo. 

E este é o princípio dominante na nossa sociedade, que vai do vulgar cidadão até ao governante ou empresário mais poderoso. Há quem chame corrupção à escolha do proveito próprio em detrimento do coletivo. Mas eu acho que é mais profundo pois vejo muita gente vendida mental e emocionalmente a marcas, empresas, clubes, organizações, gurus e crenças, operando em modo zombie sem questionar, pensando estar a fazer o melhor por si e pela sociedade. Incluindo eu próprio em alguns momentos.

O apagão
Diz-que que a origem do apagão de abril de 2025 em Portugal deveu-se a uma importação muito elevada de energia a partir de Espanha. E os sistemas de black start demoraram a ligar. (Um deles é uma central de gás, propriedade da Marubeni, uma empresa japonesa, imaginem só!). E diz o ex ministro Mira Amaral que tudo aconteceu porque é mais económico importar energia de Espanha do que produzir essa energia em centrais nacionais.
Sempre a lógica do mais económico no curto prazo. Claro que é mais barato "dormir" com a Rede Elétrica Espanhola do que gerar energia local com os recursos únicos que temos: Sol e lítio. 
Hoje temos tecnologia solar e eólica distribuída para sermos autónomos em termos de energia sem precisarmos destas empresas decadentes, ainda baseadas em modelos centralizados de produção e distribuição. As centrais solares são o maior disparate em termos tecnológicos e ecológicos. Os paineis podem ser colocados nos nossos telhados, terraços e varandas. Dependemos 100% destas empresas e do estrangeiro porque queremos. E porque quem governa é incompetente ou dorme com alguém a troco de uns favores.

E os chineses, os principais donos da EDP, REN e eRedes não dizem nada sobre o que se passou?

O que vem de fora é que é bom
Sou de uma terra do interior chamada Tramagal e assisti há 50 anos à falência de uma das maiores indústrias nacionais que se dedicou à conceçao e fabricação de camions militares, as famosas Berliet, e o governo de então resolveu apetrechar o exército nacional com camions importados, devido a esta mitologia do que vem de fora é que é bom.

Isto foi apenas o primeiro sinal, Seguiram-se as falências sucessivas de outras indústrias nacionais ou a venda a desbarato a empresas estrangeiras do que restava. A que custo? Importando bens e serviços, ganhando uma boa margem e vendendo a alma nacional.

Hoje é a Mitsubishi Fuso Truck Europe que assegura os postos de trabalho e controla a fábrica de camions do Tramagal. Reduzida basicamente a uma linha de montagem com pouca incorporação nacional, mas uma excelente ponte para a exportação do Japão para a Europa.

E tudo isto de que "o que vem de fora é que é bom" dura há muitos anos. Não é uma coisa nova.

Aqui vão mais exemplos:

SAP
A SAP é uma conhecida marca alemã de software de gestão para contabilidade e recursos humanos, vulgo ERP. Em 2015 escrevi um artigo "Convite de Portugal" que descrevia o panorama da dependência da quase totalidade das grandes empresas e instituições nacionais deste software. Incluindo o próprio Estado. Estou a falar da GALP, EDP, Águas de Portugal, TAP, Banco de Portugal, CP, Casa da Moeda, Universidade de Lisboa, ESPAP.... só para citar algumas. Passaram 10 anos e não vi ninguém trazer este assunto a público.
Como é que a gestão económica e financeira do tecido económico português continua quase totalmente dependente de uma empresa alemã? Com tanta empresa de software nacional de grande qualidade e prestígio nesta matéria, como é que as empresas e o Estado continuam a preferir a alemâ SAP às portuguesas Primavera, Artsoft, PHC ou Quidgest?

Águas de Portugal
Embora a maioria das empresas de águas nacionais ainda sejam públicas há já algumas regiões em que a captação, distribuição e exploração deste recurso vital estão entregues a empresas com capital estrangeiro, nomedamente chinês. Procurem por Be Water e águas de Valongo, Ourém, Algarve e Bragança.
Já imaginaram no futuro um apagão de água em Portugal provocado pela China?

GALP
A Galp é uma empresa supostamente portuguesa mas atualmente tem sede na Holanda e os seus acionistas institucionais principais (51%) são dos Estados Unidos. A Amorim Energia é o principal acionista individual que também tem sede na Holanda e é detida a 45% pela Sonangol de Angola.
A PetroGAL detida a 100% pela GALp dizem que é o maior exportador nacional. Exportador?! Nacional?!
Interessante... não é? O prefixo e o sufixo GAL. Devia talvez chamar-se USAP -  USA Petroleum.
O forte apoio à seleção nacional de futebol, ao longo de muitos anos, é provavelmente a maior hipnose para ninguém conseguir ver que, desde a sua privatização em 1999, alguém dormiu com alguém e esta empresa já não é portuguesa há muito tempo.

Infarmed
Este é o exemplo de uma instituição nacional supostamente independente mas que, na prática, está nas mãos da indústria farmacêutica internacional quando se trata de tomar decisões no interesse do cidadão nacional. Vimos, por exemplo, no período da chamada pandemia a pressa com que se aprovaram ou autorizaram fármacos experimentais sem o habitual rigor e segurança. O medo da sobrevivência levou esta instituição para a cama com instituições e empresas supranacionais. O Infarmed é uma autoridade mas muito pouco portuguesa.

Outros
Podia dar muitos outros exemplos em diversas áreas, desde a Altice (ex Portugal Telecom) até à ANA - Aeroportos de Portugal, agora Vinci, ambas francesas, desde outras empresas de telecomunicações ou de media até instituições de ensino, bancos e seguradoras, agricultura e alimentação, habitação, etc. mas não resisto a citar o INESC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores) que foi fundado para investigar e desenvolver as novas tecnologias de informação e comunicação em Portugal e exportá-las para o mundo e assim foi no início mas que, a meio caminho, criou empresas como a Novabase que se juntaram a empresas como a SAP, ficando reduzidas a prestação de serviços adicionais a produtos e tecnologias importadas.

O Euro e a UE
A entrada no Euro e na União Europeia foi provavelmente a maior ação de prostituição que nós portugueses realizámos. E está tudo bem. Recebemos muitos milhões da Europa e temos realmente um país muito mais desenvolvido economicamente do que há 50 anos mas, de facto, Portugal já quase não existe como região autónoma independente.

O Turismo
Finalmente o Turismo, o último bastião da nacionalidade, aquilo que fazemos relativamente bem e com grande sucesso atualmente no panorama internacional. A economia portuguesa está com um dos melhores desempenhos da UE. Um marco histórico, nunca tal se viu. Portugal está na moda e há que aproveitar. Mesmo que tenhamos que abrir as portas a todo o tipo de imigração ilegal e descontrolada. Para manter os preços baixos. E deixando ir os nossos jovens talentos emigrar.
Mas isso também tem um preço. E daqui a uns anos, depois de dormirmos com tantos asiáticos, brasileiros e africanos, virá a fatura final. Hoje a economia já praticamente não é nacional e futuramente também a nossa população perderá a sua essência.
Seremos provavelmente um novo modelo de região mundial em que a bandeira, o hino e língua serão apenas parte do brand "Portugal" como as cores da camisola de um clube de futebol em que os jogadores são de todas as partes do mundo,


Mesquita numa garagem em Tavira


Termino com este exemplo paradigmático. Existe atualmente em Tavira, uma das cidades com mais igrejas católicas do país (21 no total), uma mesquita islâmica sediada na garagem de uma vivenda. Porque o português, dono da vivenda, quis fazer um bom negócio com a garagem e não se importou de "dormir" com um muçulmano e talvez porque nem a população nem a autarquia local se importem com o assunto pois o Turismo é fundamental para a prosperidade local.
Ou, será algum carma resultante das inúmeras igrejas que nos ultimos 500 anos andámos a plantar, à força, em território alheio com outras crenças religiosas?

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Portugal está de alguma forma a prosperar sim, mas já quase não existe conforme o conhecíamos há 50 anos. Está a ficar igual a outras regiões como a América ou a Austrália, em que quase todos os que lá vivem hoje, vieram de outras partes do planeta.

Com exceção talvez do futebol... onde o brand Cristiano Ronaldo ajuda a fazer brilhar as cores únicas da nossa bandeira

vendemos a nossa alma. Todos nós. Durante muito tempo. E continuamos.
Digo eu. Não sei.

O que acham?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Observatório da Soberania

Compete ao Presidente da República garantir a independência nacional. Eu diria que a palavra mais adequada será soberania pois, a independência, numa lógica económica, ambiental e até militar, tanto a nível europeu como até mundial, há muito que está comprometida. 

Sem essa dita soberania o Presidente não tem razão de existir.

A lógica de que um país soberano tem a ver com um território, uma língua, uma bandeira e um hino está cada vez mais ultrapassada. O nosso território deixou de ter fronteiras na Europa e é relativamente fácil a mobilidade de qualquer cidadão normal, para qualquer lugar do planeta. O inglês tornou-se língua universal, devido essencialmente aos computadores. Com conhecimentos básicos, pode comunicar-se, de alguma forma, muito rapidamente com quase toda a população mundial. E, o hino, só é conhecido e só se toca, quase apenas, em cerimonias oficiais do Estado e em eventos desportivos internacionais.

Então o que é, afinal, a soberania?
É basicamente uma forma de organização política, económica e cultural de uma dada região.

Quando falamos de Portugal falamos essencialmente de um governo com as suas políticas e leis, de uma economia que vende produtos e serviços a nível global, em qualquer moeda, pagando localmente os respetivos salários e impostos, e de uma cultura latina muito específica com hábitos e crenças seculares, onde se incluem temas que vão desde a gastronomia à arte, da língua à religião, ou do desporto ao comportamento social.
A soberania de Portugal e, de algum modo, a qualidade de vida dos portugueses, está pois dependente desses três vetores: Uma organização política segura, visionária e credível, uma economia rica e sustentável e uma cultura viva e promotora do bem estar e felicidade dos cidadãos.

Quais as principais forças e fraquezas da nossa soberania que merecem ser observadas? 

Dívidas
Um país que gasta mais do que ganha, que importa mais do que exporta, terá o mesmo destino que uma família ou uma qualquer empresa ou organização: a falência! E não há soberania que resista a uma dependência financeira, qualquer que ela seja. Por isso a avaliação deste importante indicador deveria estar presente na ordem do dia, de um país e de um Presidente que se queira soberano. 
Questões como por exemplo a regulação da atividade bancária, a movimentação de capitais privados, os processos de venda do nosso património ou a percentagem de Compras do Estado ao Estrangeiro (podíamos chamar-lhe índice CEE) têm que ser continuamente monitorizadas.
Um governo que não deve, não teme. Se deve, só consegue a sua soberania pela força e essa não é a melhor forma de soberania em regimes democráticos. E a ditadura, já experimentámos e não resultou bem.

Competitividade
Num mercado global cada vez mais aberto e inovador é vital saber competir de uma forma ganhadora, apresentando soluções de valor diferenciadoras. 
O índice de competitividade nacional tem vido a ser monitorizado e tem apresentado melhorias nos últimos anos. É de manter essa observação mas, sobretudo, dotar as empresas e organizações nacionais de mecanismos de dinamização dessa competitividade. A inteligência económica passa por algum protecionismo cauteloso, nas compras, no mínimo assegurar que havendo produto nacional de qualidade semelhante, se evita a compra externa e preferir o que é produzido pelas nossas empresas. Espera-se delas um posicionamento competitivo não só a nível nacional mas, sobretudo, pela conquista de novos mercados globais. 

Conhecimento, inovação e mérito
No tempo dos descobrimentos conseguimos ter um avanço tecnológico no fabrico de barcos e de canhões que nos deu uma vantagem militar, comercial e depois económica durante várias décadas. Qual a área onde hoje nos podemos posicionar para afirmarmos alguma vantagem diferenciadora a nível global? No software? Na biologia marinha? No turismo? No desporto? No calçado? Na produção audio-visual?
De que forma premiamos a apoiamos os nossos talentos que se distinguem nestas e noutras áreas? Como formamos e certificamos as nossas competências? Como são nomeados os gestores e líderes que nos governam?

Notoriedade e Relações Públicas Internacionais
O marketing de uma nação faz-se em múltiplas vertentes, desde as visitas de estado à qualidade do turismo, desde o futebol à celebração de acordos comerciais. Um país que seja falado, preferencialmente por boas razões, pelos meios de comunicação e líderes de opinião de todo o mundo é tendencialmente mais respeitado e soberano. 

Segurança
Para além das questões militares e policiais mais tradicionais, a informação é hoje um dos ativos mais importantes para garantir a segurança de qualquer nação soberana. Um país compromete gravemente a sua soberania se deixa nas mãos alheias o arquivo, o controle e a comunicação da sua informação. Todos sabemos que as grandes corporações tecnológicas como a Google, a Microsoft ou a Apple é que controlam grande parte dessa informação. Monitorizar esta dependência, promover alternativas nacionais e desenvolver planos de contingência é fundamental para uma soberania que se pretenda saudável.

Identidade cultural
Ouvi hoje nas notícias que "mandar piropos" pode dar até 3 anos de cadeia e que todos os partidos apoiaram esta nova lei proposta pelo PSD. Não haverá mais nada que fazer na Assembleia da República? O desrespeito pelo próximo sempre foi um crime. Não concordo nada com comportamentos sociais de falta de respeito, como por exemplo passar à frente em filas de trânsito mas parece-me que, fazendo parte da nossa cultura, algumas coisas como o piropo do trolha (dentro dos limites do bom senso), o pregão das cautelas de lotaria ou do mercado do bolhão deviam ser preservadas e não proibidas por lei. Este é apenas um exemplo de como se podem desenvolver ataques a uma soberania pela sua identidade cultural. Leis como a tolerância 0 (zero) à taxa de álcool ou o fim do feriado do Carnaval, acabam por nunca serem cumpridas além de provocarem um sentimento de revolta social e uma perca de energia que devia ser canalizada para outros assuntos mais positivos, como por exemplo colocar o fado e o cantar alentejano como património da humanidade.

Território e Património
Claro que é também fundamental conhecer que percentagem do território, imobiliário e património que é propriedade nacional e qual a sua evolução no tempo, para conhecermos as tendências da nossa soberania. De que forma conseguimos ir vendendo o nosso território aos estrangeiros, continuando a ser soberanos na governação do nosso país? Pela lei? Pela força? Pela história?

Corrupção e Economia Paralela
Quando se permitem negócios de montantes astronómicos, com entidades estrangeiras, à margem da lei e das entidades reguladoras e fiscalizadoras, sob a capa do abuso de poder, da manipulação da comunicação ou, apenas, abusando da atitude pacífica de um povo ainda confiante nas suas instituições, corroem-se dramaticamente as bases de qualquer soberania. Por muito sólidas que sejam a economia, a política e a cultura, se continuarem a ser permitidas, por exemplo, adjudicações diretas de software básico de gestão, sem concurso, (ou com regras tendenciosas) a multinacionais estrangeiras, de produtos e serviços perfeitamente ao nosso alcance, a nossa soberania não irá longe.
O fenómeno da corrupção está muito ligado ao do servilismo. Alguém acima mandou fazer e fez-se, mesmo contra tudo o que é bom senso e de lei. A brandura punitiva do nosso sistema judicial e até da nossa sociedade tolerante, facilita também este tipo de disfunções da nossa soberania que convém acompanhar.

Auto estima
Uma população será mais soberana se os indivíduos que a constituem gostarem de si e do grupo social a que pertencem. Todo o tipo de ações que promovam a auto estima, a confiança mútua e a colaboração são ingredientes basilares de progresso  e de uma boa soberania.

Acho que um Observatório que meça e divulgue estes e outros indicadores correlacionados com este tema, como a emigração de talentos ou o nível de apoio e a sustentabilidade da segurança social, é fundamental para assegurar a legitimidade dos órgãos de soberania, nomeadamente a do Presidente da República.

E você?


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Convite... de Portugal

Este é um convite a todas as empresas e instituições nacionais, para avaliarem a migração dos seus sistemas de gestão estrangeiros por soluções de software nacionais, melhores, mais económicas e mais ajustadas ao seu negócio ou atividade. É perfeitamente possível reduzir os seus custos a metade, até 2020!

Este apelo é especialmente dirigido aquelas que usam o nome "de Portugal" na sua designação social, CP - Comboios de Portugal, EDP - Electricidade de Portugal, AdP - Águas de Portugal, Banco de Portugal, etc. Abaixo vai uma lista daquelas que tenho identificado nos últimos anos que gostaria aceitassem este convite.

Estima-se que são enviados para o estrangeiro mais de 100 milhões de euros anualmente para comprar produtos e serviços perfeitamente ao nosso alcance produzir por cá.

Dirijo também um convite adicional ao Senhor Presidente da República e a todas as digníssimas personalidades com responsabilidade pela nossa soberania, para a criação de um fundo de apoio a todas estas organizações, para se libertarem de custos e riscos relacionados com o controle estrangeiro do seu provável ativo mais importante: a informação de gestão.

Um louvor especial a todas as entidades públicas e empresariais que usam tecnologia predominantemente nacional na sua gestão, nomeadamente o setor da saúde pública, o das autarquias e PME’s em geral, bem como muitas outras grandes instituições como o Turismo de Portugal, o IPQ, o LNEC ou a Assembleia da República.

Por um país mais próspero

Melhores Cumprimentos

Portugal

Anexo: lista das empresas portuguesas com predominância de software de gestão estrangeiro (contabilidade, faturação, património, recursos humanos,…)

Organizações Portuguesas geridas com Software estrangeiro*


AdP - Águas de Portugal S.A.
ANA - Aeroportos de Portugal, S.A.
BP - Banco de Portugal
Brisa - Autoestradas de Portugal, S.A.
CP - Comboios de Portugal S.A.
CIMPOR - Cimentos de Portugal S.A.
CTT - Correios de Portugal, S.A
EDP - Energias de Portugal S.A.
Governo de Portugal (alguns organismos estão abaixo listados)
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda, S.A.
Instituto Nacional de Estatística, IP
IP - Infraestruturas de Portugal, S.A.
PT - Portugal Telecom
REN - Rede Eléctrica Nacional, S. A.
RTP - Rádio e Televisão de Portugal, S.A.
Soja de Portugal
TAP - Air Portugal, S.A.
AICEP Portugal Global
AIP - Associação Industrial Portuguesa
APDL - Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A.
ARS LVT - Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.
Autoridade Florestal Nacional
BA Vidro
Central de Cervejas
CHLN (Hospital de Santa Maria)
CME
CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
Delta Cafés
Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros
EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra Estruturas do Alqueva S.A.
EFACEC
Electricidade dos Açores, S. A.
ESPAP - Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I. P.
Fundação INATEL
GALP Energia
Generis
Grupo Azevedos
Grupo Leya
IAPMEI
INEM
Instituto da Vinha e do Vinho, I.P.
Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça, I.P.
Instituto de Informática, IP
Instituto do Cinema e do Audiovisual, IP
Instituto dos Registos e do Notariado, I.P.
Instituto Politécnico de Santarém
ISCTE
IST
Município de Lisboa
Município de Sintra
NOS
Polícia de Segurança Pública
Portucel / Soporcel
Renova
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Secretaria Geral do Ministério da Educação
Secretaria-Geral do Ministério da Defesa Nacional
Serviços Municipalizados Água e Saneamento Câmara Municipal de Sintra
Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada
Serviços Sociais da Guarda Nacional Republicana
SONAE
Sovena
SUCH
Sumol+Compal
Transportes de Lisboa, E.P.
Unicer
Unilever/Jerónimo Martins
Universidade de Coimbra
Universidade do Algarve


(*) Lista em construção. Por favor indique abaixo o nome de outras organizações de que tenha conhecimento.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

GERHUP - um caso para refletir

O que é o GERHUP?
É a solução (de software) de gestão de Recursos Humanos para a Administração Pública, adjudicada pelo Instituto de Informática à SAP Portugal; Novabase em 2012, na sequência de um concurso público internacional. De acordo com o portal www.base.gov.pt :
15-06-2012 - Contrato 42_2010 - Solução tecnológica de Gestão de Recursos Humanos... 2.230.500,00 €. Mais detalhe em: www.base.gov.pt/Base/pt/Pesquisa/Contrato?a=526651

No entanto a ideia do GERHUP é muito mais antiga e remonta a uma portaria de 2007 quando foi criada a GERAP - Empresa de Gestão Partilhada de Recursos da Administração Pública, E. P. E.
Nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 17.º do Decreto-Lei 197/99, de 8 de Junho, e da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve:
1 - Criar o Programa de Gestão Partilhada de Recursos da Administração Pública (GeRALL), composto por quatro pilares:
a) Gestão de Recursos Financeiros e Orçamentais em modo partilhado (GeRFiP);
b) Gestão de Recursos Humanos em modo partilhado (GeRHuP);

Este sistema passou a ser gerido pela ESPAP após a sua fundação em 14-jun-2012.

Qual o estado atual do GERHUP?
De acordo com o site da ESPAP este sistema está a gerir hoje, em outubro de 2015 (3 anos depois de adjudicado e 8 anos após idealizado, ainda como piloto) apenas 737 trabalhadores da Administração Pública (outras fontes revelam que são 1.700 trabalhadores):
Os organismos eSPap, ADSE, SSAP e INA já aderiram à solução integrada GeRHuP. Atualmente, são suportados os processos relacionados com o ciclo de vida do trabalhador nas áreas de gestão administrativa de pessoal e vencimentos. Desta forma, é assegurada a gestão de 307 trabalhadores da eSPap, 202 da ADSE, 132 da SSAP e 96 do INA, totalizando um universo de 737 trabalhadores da Administração Pública.

Quanto já se investiu no GERHUP?
Questionadas informalmente várias pessoas e entidades, obtêm-se respostas diversas, desde "não se gastou nada" até "já se gastaram 40 milhões".
De acordo com o portal  www.base.gov.pt, fazendo uma simples pesquisa por GERHUP, obtemos valores de adjudicações que totalizam 6,5 milhões de euros.
Não estão incluídos neste montante os valores de salários e instalações da equipa técnica e de gestão afeta a este projeto, pelo menos, nos últimos 3 anos.

Qual foi o plano de projeto para o GERHUP?
De acordo com resolução de 2012 que não foi cumprida, o GERHUP deveria ter concluído a sua expansão a todos os organismos púbicos até final de 2014.

Resolução do Conselho de Ministros n.º 12/2012
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 46/2011, de 14 de novembro, constituiu o Grupo de Projeto para as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), doravante abreviadamente designado por GPTIC.
….
Prazo: A medida será coordenada pela Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I. P. (ESPAP, I. P.), devendo garantir-se que o GeRFip será implementado em 50 % dos organismos públicos durante o ano de 2012 e estendido a todos os organismos públicos até final de 2013; o GeRHuP deverá concluir a sua expansão a todos os organismos púbicos até final de 2014.

Então como é que se gerem atualmente os Recursos Humanos na Administração Pública?
A Gestão dos Recursos Humanos da Administração Pública é atualmente processada nos vários organismos, com alguma interoperabilidade entre sistemas, com um grau de qualidade satisfatório, embora com uma utilização heterogénea. Há quem consiga ir até à avaliação de desempenho e SIADAP 123 e há outros, menos ambiciosos, que se ficam pelo básico, assiduidade e vencimentos mas, julgo que alguma formação, resolveria este assunto.
Existe uma aplicação desenvolvida nos anos 80, denominada SRH que tem vido a ser remodelada por uma pequena equipa de desenvolvimento, na ESPAP, que precisa de alguma corecão e atualização tecnológica, e que parece ser, de facto, a solução utilizada por uma grande maioria dos organismos públicos para calcular, todos os meses, sem falhas, os vencimentos dos seus funcionários.
Outros organismos utilizam, com sucesso, software do mercado como por exemplo o da Quidgest entre outros.
O setor da Saúde utiliza um software denominado RHV desenvolvido e mantido internamente pelos SPMS (antigo IGIF).
A Administração Local utiliza essencialmente software das empresas portuguesas Medidata e AIRC.
As escolas secundárias do Ministério da Educação utilizam uma aplicação da empresa de Leiria, a JPM Abreu.
Só uns quantos organismos, digamos menos nacionalistas e supostamente mais "ricos", é que se aventuram pelo software alemão SAP, americano Oracle ou espanhol GIAF, com elevados custos de manutenção e desempenho sofrível.

Porque é que o GERHUP não resultou?
A ideia de um sistema único central para esta finalidade está errada. É como se tentasse colocar um comboio a voar. Mesmo que seja SIEMENS! Por muitos milhões que se invista, nesta teimosia, acredito que não vai resultar, essencialmente porque:
- A complexidade e heterogeneidade das diversas entidades públicas, carreiras, funções bem como as evoluções legislativas constantes, impedem a implementação com sucesso deste tipo de soluções pouco flexíveis e ágeis e longe das especificidades de cada cliente.
- São lentos os processos de desenvolvimento e manutenção, dadas as características da solução escolhida, apesar do brand que tem e dos preços astronómicos de licenciamento e suporte.
- O desenvolvimento é efetuado pela mesma entidade que o instala, utiliza e fiscaliza.
- Os vários sistemas existentes funcionam e há uma natural resistência à mudança.
- É um caso semelhante ao GERFIP (contabilidade pública), com o mesmo conceito de "sistema único central" de origem estrangeira, onde já se investiram também alguns milhões (7,25 M€  de acordo com o portal www.base.gov.pt, fora salários e outros custos) nos últimos 10 anos e que continua a ter muitas lacunas (nomeadamente ao nível patrimonial e de gestão de ativos) desadequação ao uso e atraso no cumprimento da lei na opinião de alguns dos utilizadores e, acima de tudo, a não ser usado por quase nenhuma das entidades acima referidas (Saúde, Autarquias, Educação, ...)

Qual o plano de saída para esta situação?
Pelo acima exposto o bom senso apontaria para que se travasse imediatamente este processo, que atravessou diversos governos e legislaturas, se definissem normas de interoperabilidade entre os vários sistemas, se atualizassem tecnologicamente ou substituíssem os mais obsoletos, se desse vantagem ao talento e à tecnologia nacional e assim aumentar a eficiência e o reporting do que atualmente existe com custos astronomicamente mais baixos!
Dois bons exemplos são o caso das faturas e o da prescrição eletrónica. Cada empresa ou entidade utiliza a aplicação que quiser, desde que certificada, fazendo o reporting em formato normalizado à entidade reguladora.

Mas... parece que não!

Pelo disposto no recente Diário da República, 1.ª série -- N.º 186 -- 23 de setembro de 2015
Resolução do Conselho de Ministros n.º 82/2015 onde se lê:
...Gestão de Recursos Humanos em modo Partilhado (GeRHuP) nos órgãos e serviços do Ministério da Educação e Ciência, até ao montante global de 9 220 034,36 EUR, sendo 2 219 680,10 EUR referentes à aquisição de licenças, e 7 000 354,26 EUR relativos à implementação dos roll outs, a que acresce IVA à taxa legal em vigor...


O Estado parece disposto a investir mais uns milhões de euros nesta aventura falhada. Por agora são mais 9,22 milhões só para o Ministério da Educação mas... se o plano se estender aos restantes 12 ministérios estaremos a apontar para valores na ordem dos (9x12) 100 milhões! em que mais de 20 milhões vão para uma empresa alemã, para pagar algo que está perfeitamente ao nosso alcance desenvolver!

Quem pode liderar uma outra saída?
A ESPAP. Pedindo já a reconversão do orçamento de 9,22 milhões aprovado para ser aplicado num novo projeto de atualização tecnológica, consulta ao mercado, regulação, reporting e visualização de indicadores, otimizando as soluções em funcionamento atualmente.
A missão do Estado é controlar e gerir e motivar os seus recursos humanos de forma eficiente, soberana e ao melhor custo.
Importar software e desenvolver sistemas de informação parece ser mais uma vocação de algumas empresas.

Quais as entidades reguladoras?
A Provedoria Geral da República parece ser o órgão competente para auditar este processo do ponto de vista jurídico e administrativo e a Inspeção Geral de Finanças o órgão capaz de uma investigação mais técnica. Talvez a Autoridade da Concorrência também pudesse ter uma palavra a dizer nesta matéria.


Portugal Pode Prosperar!